O Impacto do Estresse na Saúde Digestiva: Uma análise detalhada sobre a conexão intestino-cérebro e suas repercussões

O estresse é uma resposta natural do organismo em resposta a desafios e ameaças, no intuito de restabelecer a homeostase do corpo (o equilíbrio). As reações desencadeadas pelo estresse desempenham um papel essencial na sobrevivência humana.

No entanto, quando essa resposta se torna crônica, pode afetar negativamente diversas funções corporais, principalmente o sistema digestivo e o sistema imunológico.

Este artigo explora como o estresse influencia a saúde gastrointestinal, destacando mecanismos fisiológicos e condições associadas ao mesmo.

A conexão entre o cérebro e o sistema digestivo

Há uma “via de mão-dupla” interligando o cérebro e o aparelho digestório – o “eixo intestino-cérebro”. E ainda mais: identificou-se, nas últimas décadas, uma interação direta entre esse eixo, o sistema imunológico e a microbiota intestinal. Isso promove um papel importante do estresse no desenvolvimento de diversas doenças gastrintestinais.

O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), levando à liberação de hormônios como cortisol, que desencadeiam mudanças na função digestiva. 

Os principais efeitos do estresse na fisiologia intestinal incluem:

– Alterações na motilidade gastrointestinal – diarreia ou constipação;

– Aumento da percepção visceral – maior percepção de dor e desconforto abdominal;

– Mudanças na secreção gastrointestinal – desequilíbrios na produção de ácido, muco, enzimas e outras substâncias, afetando a digestão e absorção de nutrientes;

– Aumento da permeabilidade intestinal – facilitando a entrada de toxinas e microrganismos, podendo causar inflamações;

– Efeitos negativos na capacidade regenerativa e no fluxo sanguíneo da mucosa gastrintestinal – podendo provocar erosões, úlceras, sangramentos, perfurações;

– Impacto na microbiota intestinal – aumentando fermentação, inflamações, infecções, alterações do ritmo intestinal etc.

Diagrama, Linha do tempo

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Mecanismos Fisiológicos do Estresse na Digestão

O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando à liberação de hormônios como cortisol e adrenalina, que podem levar ao desenvolvimento ou agravamento de várias condições gastrointestinais, como:

– Doença do refluxo gastroesofágico;

– Úlcera péptica;

– Doença inflamatória intestinal;

– Síndrome do intestino irritável;

– Intolerâncias e alergias a antígenos alimentares;

– Outras doenças gastrointestinais funcionais.

Estresse e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)

O estresse pode influenciar no agravamento dos sintomas de DRGE devido ao enfraquecimento da musculatura do esfíncter inferior do esôfago e ao aumento da sensibilidade esofágica ao ácido.

Estresse e úlcera péptica (UP)

O estresse potencializa os efeitos negativos da bactéria H. pylori e de anti-inflamatórios, reduzindo a proteção da mucosa do estômago e duodeno, favorecendo o desenvolvimento de úlceras.

Estresse e síndrome do intestino irritável (SII)

O estresse é reconhecido como um fator que pode precipitar ou agravar os sintomas da SII por modificar a sensibilidade visceral; alterar hormônios, neurotransmissores, peptídeos, citocinas; modificar o sistema imunológico; interferir na motilidade gastrintestinal; e alterar a microbiota intestinal.

Considerações finais

O estresse crônico é um fator significativo no desenvolvimento e agravamento de distúrbios digestivos. Um manejo eficaz passa por estratégias que combinem cuidados físicos e emocionais, promovendo mais qualidade de vida e bem-estar.

No próximo artigo, abordaremos as estratégias que o médico e o paciente devem assumir para o diagnóstico e o tratamento dessas condições.

Referências Bibliográficas

  1. Konturek PC. Stress and the gut: pathophysiology, clinical consequences, diagnostic approach and treatment options. J Physiol Pharmacol. 2011 Dec;62(6):591-9.
  2. Marques LS. Estresse prolongado único-emocional induz distúrbio gastrointestinal funcional: um modelo de interação cérebro-intestino [Master’s thesis]. Santa Maria (BR): Universidade Federal de Santa Maria; 2022. Available from: https://repositorio.ufsm.br.
  3. Federação Brasileira de Gastroenterologia. Estresse pode causar problemas gastrointestinais [Internet]. 2024. Available from: https://campanhas.fbg.org.br.

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