Muito obrigada IAMSPE

É preciso sabedoria e discernimento para entender os momentos da vida e reconhecer o fechamento de um ciclo. Nesse caso, um longo ciclo! O Hospital do Servidor Estadual de São Paulo (HSPE-SP)(do Iamspe-SP) confunde-se com a própria cidade de São Paulo pra mim. Cheguei na cidade em 03 de janeiro de 1998 e iniciei o estágio do último da Faculdade (o internato) no HSPE em 05 de janeiro de 1998. A partir daí, seguiu-se uma longa relação com muitas mudanças – dos dois lados. Já médica graduada, segui com a minha primeira Pós-graduação (Residência Médica em Cirurgia Geral). Fui aprovada em outros processos seletivos de grandes, e até mais renomadas, escolas, mas optei pelo HSPE – a melhor escola cirúrgica que se adequava aos meus objetivos. Veio a segunda Residência (Gastrocirurgia e Coloproctologia) e a consolidação de uma especialidade apaixonante. Não consegui me afastar ao terminar a especialização e trabalhei como voluntária por pouco mais de um ano. Prestei concurso após esse período e fui contratada como Médica cirurgiã no Serviço de Gastrocirurgia e Coloproctologia – minha segunda casa! Ali aprendi a ser médica, cirurgiã em todos os sentidos. Sedimentei minha experiência. Treinei para ser “mãe” ao orientar residentes e alunos de graduação (sim, também fui convidada para ser professora de graduação de uma Faculdade de Medicina). Aprendi, comemorei, ri e chorei com muitas histórias vivenciadas. Oferecemos muitos Cursos de especialização, de curta, média e longa duração – Videocirurgia (básica e avançada), Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia. Aquele lugar me mostrou a necessidade de buscar sempre mais conhecimento para prestar melhores atendimentos aos pacientes. Nunca parei de estudar – cursei Pós-graduação lato sensu (Nutrição Clínica); e, atuando em equipe e em parceria com outras instituições de excelência, alguns de nós fizemos Pós-graduação stricto sensu (Doutorado em Ciências) – eu estudei Cirurgia Bariátrica e Metabólica. A atuação na Gestão veio como consequência do meu espírito de buscar a excelência, não me contentando com o “sempre foi assim”. Chefiei a enfermaria de Gastrocirurgia e Coloproctologia e, após alguns anos, fui convidada para assumir a Diretoria da Divisão de Clínicas Cirúrgicas, onde aprendi muito e fiquei estimulada a estudar ainda mais, dessa vez, Administração e Gestão – cursei um MBA de Gestão em Saúde. Atuei nos últimos anos, dividindo-me entre a assistência e a Gestão. Desenvolvi e colaborei com Projetos maravilhosos e impactantes. Um aprendizado fantástico. Sinto-me muito orgulhosa de tudo o que construímos juntos! Conheci pessoas fantásticas, das quais sentirei saudades de conviver tão próximo. Paralelamente, sempre atuei na minha clínica e hospitais privados. No lado pessoal, foi no HSPE também que conheci o amor da minha vida, o meu parceiro em todos os aspectos – somos Yin e Yang – e iniciamos a nossa linda família. Também ganhei amigos para a vida! Agora, é chegada a hora do “adeus”, ou um “até breve”. Uma decisão pensada e amadurecida ao longo de alguns anos. Nem sei como é a minha vida em São Paulo sem ir ao HSPE, no mínimo, 3 vezes por semana. Obrigada gigante! Você testemunhou e colaborou com o meu desenvolvimento ao longo desses 22 anos, que correspondem à segunda metade da minha vida. Viu-me desabrochar de aluna tímida, imigrante da Paraíba, a profissional, cirurgiã, colega, professora, colaboradora, líder, diretora, mulher antifrágil, esposa, mãe – apaixonada pela vida e pela Medicina. Seguiremos aprendendo e evoluindo em novos ciclos, novos momentos e novos projetos. Torcerei sempre por você e sempre enviarei boas energias e boas vibrações. Espero que torça e vibre por mim também. Você (e todas as pessoas que o fizeram e fazem ser o que é) estão gravados em meu coração com muito carinho! #gratidao #decisoes #caminhos #missão #ciclosdavida #sergrato #ciclos #projetos #fasesdavida #caminhos #autoconhecimentoliberta #fases #sonhoseplanos #mulheresfortes #evolucaopessoal #consistencia #coerencia #mulheresbemresolvidas #equilibrioemocional #autorresponsabilidade #atitudes #realizacaopessoal #repensar #sanidademental #estrategias #vulnerabilidade #wakenclinica #dragilmara #iamspe #hspe

COVID e outras doenças – é preciso voltar a cuidar da saúde

O medo de ir ao hospital tem sido frequente entre os pacientes. Mesmo quando evidente alguma outra necessidade de saúde, além de COVID. Infelizmente, isso tem causado diversas consequências, entre eles, o aumento do número de casos de morte em casa por eventos cardiovasculares (infartos e outros) e retardo no diagnóstico e tratamento de casos de câncer. Temos visto também algumas situações que eram infrequentes, como pacientes com doenças inflamatórias que necessitam tratamento cirúrgico de urgência e que retardam a procura de atendimento médico, sendo operados já em situações mais complicadas. Foi o caso do paciente que acabei de operar, com uma apendicite já complicada, porque ficou em casa com dor por 5 dias, antes de procurar ajuda médica. Quero esclarecer que as equipes de saúde e os bons hospitais já se organizaram e criaram fluxos de atendimento separados e seguros para todos os pacientes – COVID e não-COVID. Inclusive, com protocolos de rastreamento para casos de COVID-19 assintomáticos. Portanto, está seguro cuidar da saúde. É seguro voltar a fazer os exames e procedimentos necessários, sob avaliação e orientação do seu médico de confiança. Existe muito mais vida e necessidades além do Coronavírus. Cuidem-se, para que possamos ajudá-los. 💙 #cirurgia#cirurgiadigestiva#cirurgiageral#gastrocirurgia#cirurgiabariatrica#coloproctologia#proctologia#colelitiase#calculonavesicula#pedranavesicula#apendicite#apendiciteaguda#cirurgianapandemia#covid19#pandemia#dragilmara#complicacoes#bomsenso#wakenclinica#saude#saudesegura#cirurgiasegura#hospitalseguro

Gaman

Gaman é um conceito japonês que pode ser entendido principalmente como uma postura que se adota perante a vida em comunidade. É um posicionamento individual, em que cada pessoa deve ser paciente e perseverante quando encontrar situações difíceis ou inesperadas. O objetivo é manter a calma e a harmonia do grupo como um todo, evitando conflitos desnecessários e, principalmente, garantindo o respeito ao próximo. O Gaman está relacionado ao modo como o povo japonês supera obstáculos, desde os cotidianos até os mais difíceis. Está presente, por exemplo, na paciência observada nas pessoas ao aguardar em uma longa fila, ou na maneira com que uma comunidade se mantém calma e tem grande capacidade de se organizar após desastres naturais. Para muitos, a carpa, peixe de água doce muito amado no Japão, é a perfeita representação do conceito de gaman. Com determinação e perseverança, esse peixe nada contra a correnteza, superando obstáculos e atingindo seus objetivos com paciência e dignidade. #gaman #respeito #vaipassar #wakenclinica #shinzui #sociedade #vidaemcomunidade #dragilmara #gestaosustentavel #etica #drfabioyamaguchi

Cada paciente é único!

Cada paciente que entra no consultório é único e representa um mundo a ser conhecido. Precisamos conhecer a história… não da doença, mas da pessoa (e da vida da pessoa!) antes da doença. Há algum tempo, adquiri o hábito de parar por alguns minutos e silenciar a mente para concentrar-me totalmente naquele indivíduo que adentra a sala de consultas ou naquele procedimento cirúrgico. É necessário empenho genuíno de ambas as partes para estabelecer essa conexão e quebrar algumas barreiras. Se de um lado, é muito mais rápido e “fácil” (e, infelizmente, agrada mais alguns pacientes) quando o médico ouve as queixas, pede uma lista de exames e prescreve alguns medicamentos. Por outro lado, alguns pacientes chegam esperando uma solução “mágica” para que seus problemas SEJAM RESOLVIDOS. Sim, de maneira passiva mesmo! Não desejam envolver-se ativamente para solucionar suas questões de saúde. Não querem falar sobre alimentação, mudar hábitos ou alguns aspectos de estilo de vida. Desejam um medicamento ou uma cirurgia que trate a doença. A Medicina baseada no tratamento das doenças que muitos conhecem, praticam e/ou procuram (pacientes e profissionais) não é a mais adequada, nem suficiente. Muitas vezes, trata-se o sintoma, sem atuar na base, nas causas, no equilíbrio. E isso não vai resolver o problema! Será um paliativo que poderá, inclusive, piorá-lo em longo prazo. Dá trabalho fazer a coisa certa – para o médico e para o paciente! Não estou dizendo que não existem doenças com necessidade de usar medicamentos ou realizar cirurgias. Há, sim, situações em que eles são necessários e muito bem indicados. Mas estou reforçando que, mesmo quando esses são claramente adequados, há também um papel muito importante do paciente influenciando na sua cura, atuando em vários aspectos não medicamentosos para o seu processo de tratamento. O profissional precisa ajudá-lo a entender isso. O paciente precisa querer curar-se, participando ativamente do processo de cura. E ambos precisam colocar o foco em buscar a saúde e não em tratar a doença. #wakenclinica #medicinaintegral #saude #promocaodesaude #plantandosementes #cirurgiadigestiva #gastrocirurgia #coloproctologia #medicina #medicinaporamor #intestino #dragilmara OBS: Esse artigo foi publicado originalmente em 09 de julho de 2020 no LinkedIn. (https://www.linkedin.com/pulse/cada-paciente-%C3%A9-%C3%BAnico-gilmara-s-aguiar-yamaguchi/)

02 de julho – Dia do Hospital

O hospital faz parte do Universo que amo que é cuidar da saúde das pessoas. É um templo de muitas angústias, mas também de muitas alegrias. Há um texto muito bonito e verdadeiro que, há tempos, circula na internet. Até já foi, equivocadamente, atribuído ao Papa Francisco. Uma parte dele diz: “Paredes de hospitais já ouviram preces mais honestas do que igrejas; já viram despedidas e beijos mais sinceros que em aeroportos. É no hospital que você vê um homofóbico sendo salvo por um médico homossexual, uma médica patricinha salvando a vida de um mendigo. Na UTI você vê um judeu cuidando de um racista, um paciente policial, e outro, presidiário. Na mesma enfermaria ambos recebem os mesmos cuidados. Um paciente rico na fila de transplantes hepático pronto pra receber um órgão de um doador pobre. São nessas horas que o hospital toca na ferida das pessoas, que universos se cruzam com um propósito e nessa comunhão de destinos nos damos conta de que sozinhos não somos ninguém. A verdade absoluta das pessoas na maioria das vezes, só aparece no momento da dor ou da ameaça real a perda definitiva. Hospital, o local onde os seres humanos se desnudam de suas máscaras e mostram como são em sua verdadeira essência.” (Autor desconhecido)(se alguém souber a autoria, por favor, me avise nos comentários) No Hospital, vemos as pessoas nas suas mais profundas essências. Os pacientes com todas as suas fragilidades. Os profissionais com todo o empenho e amor para acolher e abrandar o sofrimento, amparar as alegrias e ajudar a Natureza nos seus destinos. Sejamos todos por todos! Exercitemos a empatia, o altruísmo e o amor. #diadohospital #saude #amorhashtag#gastrocirurgia #cirurgiadigestiva #coloproctologia #proctologia #wakenclinica #dragilmara OBS: Esse artigo foi publicado originalmente em 04 de julho de 2020 no LinkedIn. (https://www.linkedin.com/pulse/02-de-julho-dia-do-hospital-gilmara-s-aguiar-yamaguchi/)

Um bom atendimento médico e as formas de remuneração

Como funciona um bom atendimento médico? Inicialmente, é fundamental entender que o corpo humano é um sistema complexo, cujo equilíbrio significa saúde. O desenvolvimento das doenças ocorre quando há algum desequilíbrio. Isso, normalmente, é influenciado por diversos fatores, tanto internos (genética, doenças anteriores ou atuais, histórico familiar, etc) como externos (hábitos, alimentação, atividade física, ritmo de vida, hábitos de sono, etc). Para fazer uma análise adequada do quadro clínico, o médico precisa conhecer e investigar detalhes sobre todos esses aspectos. Só assim, o profissional chegará a um diagnóstico completo e, consequentemente, orientará o tratamento adequado. Portanto, uma boa consulta envolve uma história clínica atenciosa, um exame físico cuidadoso e a solicitação de exames complementares, quando (e se) esses forem necessários. Isso chama-se Semiologia. E não é possível praticar adequadamente, em consultas com 10 minutos de duração. É fundamental entender também que, consequentemente, o tratamento adequado envolve atuar sobre os diversos pilares envolvidos no processo saúde-doença. E isso vai muito além de prescrever medicamentos! De outra forma, quando o atendimento não é assim realizado, corre-se um grande risco de fazer um diagnóstico superficial e instituir um tratamento insuficiente. Trata-se apenas os sintomas e não a (s) causa (s) base. Isso é ineficaz em longo prazo. Instaura-se um ciclo vicioso: trata, melhora (ou não) e volta a piorar. É preciso dizer (ainda que cause incômodo) que, todos os dias, são prescritos medicamentos que não resolvem ou até causam outros problemas de saúde, são solicitados exames desnecessários e realizadas cirurgias inadequadas. Quando, em algum momento da história, instaurou-se o sistema de “fee-for-service” na área de saúde, imagino que a característica fundamental da prática médica não tenha sido levada em consideração. Ou, no mínimo, foi deixada em segundo plano. Gestores e profissionais médicos se ajustaram. No entanto, o mundo mudou, o mercado evoluiu, os seres humanos tem suas características (boas e ruins); e, assim, desenvolveu-se, ao longo dos anos, um sistema ineficiente e cada vez mais caro! Constatando-se essa realidade, nos últimos anos, passou-se a buscar alternativas para solucionar esse problema – DRGs, “Bundle”, VBHC… Empacotar, parametrizar, protocolar, analisar desfechos, objetivar, tangibilizar… Sim, é necessário reformular o modelo falido que não se adequa mais ao despertar da atualidade. As motivações dos diferentes “players” são as mais diversas possíveis, sendo o mercado também um sistema complexo (tal qual o corpo humano!). Vivenciamos um verdadeiro “cabo de guerra” entre os envolvidos. E, sejamos honestos, muito se fala e se discute sobre qualidade; mas, na grande maioria das vezes, na prática, ainda valoriza-se (e paga-se) por quantidade. Está difícil fazer a transição. Espero (e desejo!) que possamos avançar de verdade e que encontremos os caminhos mais adequados, numa negociação de ganha-ganha. Algo está mudando. A Medicina é apaixonante quando a praticamos em sua totalidade, enxergando o ser humano como um todo – mente, corpo, alma e coração! E praticar a gestão em saúde com amor pelo ser humano acima de tudo, é fundamental. Não tratamos as doenças. Tratamos as pessoas. Não somos máquinas. Somos pessoas. E pessoas precisam de pessoas cuidando delas! #atendimentomedico #saude #remuneracaoemsaude #vbhc #feeforservice #dragilmara #gestaoemsaude #gestao #praticaclinica #medicina #wakenclinica OBS: Esse artigo foi publicado originalmente em 24 de junho de 2020 no LinkedIn. (https://www.linkedin.com/pulse/um-bom-atendimento-m%C3%A9dico-e-formas-de-remunera%C3%A7%C3%A3o-gilmara/)

Duas pandemias

Agora que o mundo inteiro já conhece o conceito de pandemia, precisamos chamar a atenção para o fato que estamos vivendo, na verdade, duas pandemias. Uma que “grita”, que parou o mundo e está chamando muita atenção, porque mata, e mata rápido, porque não sabemos muito a respeito, nem como tratar e controlar – a COVID-19. Mas temos uma outra, mais silenciosa, que não causa tanta comoção, mas também mata, só que mais lentamente – a pandemia de obesidade. O sobrepeso e a obesidade quase triplicaram no mundo nos últimos 50 anos. Existem, atualmente, mais de 2 bilhões de adultos com sobrepeso, o que representa 39% da população mundial. É triste constatar que 380 milhões das crianças e adolescentes tem sobrepeso ou obesidade, sendo 38 milhões abaixo de 5 anos de idade. Isso vai repercutir pela vida inteira desses jovens. Há um componente genético relacionado, mas o nosso estilo de vida, as nossas escolhas e os nossos hábitos influenciam diretamente no desenvolvimento dessas doenças. A obesidade é PREVENÍVEL! Globalmente, há mais mortes relacionadas a sobrepeso e obesidade, e suas consequências (diabetes, infartos, AVCs, alguns tipos de câncer), do que por subnutrição. No entanto, isso não causa nenhum alarde. A pandemia da COVID-19 vem “escancarando” a realidade de quão frágil é o indivíduo com sobrepeso, obeso e/ou com doenças metabólicas. Infelizmente, temos testemunhado muitos jovens obesos com quadros graves de COVID e diversas mortes. Nos plantões, um dos fatos que chama a atenção é vermos idosos (magros) em melhores condições clínicas do que jovens (obesos). Tenho esperança que o coronavírus deixe também esse legado em alguns (ou em muitos!) – o despertar para a necessidade de combater a obesidade. Nunca é tarde para começar a cuidar melhor da saúde. Mudar hábitos é possível! Não digo que é fácil, mas é possível. As nossas escolhas – o que comemos, o que pensamos, como vivemos – refletem no equilíbrio que é a saúde. E um dia a conta chega! Cada um tem uma forma de encontrar o seu caminho. Alguns conseguem sozinhos ou com ajuda de amigos e familiares. Outros, com ajuda profissional. E está tudo certo e tudo bem! Esclarecer para evitar! Conscientizar para tratar! #pandemia #obesidade #covid19 #wakenclinica #saude #prevencaoemsaude #nutrologia #promocaoemsaude #dragilmara OBS: Esse artigo foi publicado originalmente em 17 de junho de 2020 no LinkedIn. (https://www.linkedin.com/pulse/duas-pandemias-gilmara-s-aguiar-yamaguchi/)

A ciência é viva e contribui para a Gestão em Saúde!

Perceber e sentir a ciência no dia-a-dia e todas as suas aplicabilidades é algo apaixonante e prazeroso. A ciência proporciona o desenvolvimento das pessoas, das diversas áreas do conhecimento, do País e do Mundo. No entanto, enquanto alguns conceitos são muito familiares aos profissionais de gestão – Planejamento Estratégico, Balance Scorecard, ROI, Gestão de Projetos, Balanços, Gestão de Pessoas, Proposta de Valor, Business Intelligence, Pay back, entre muitos outros; a pesquisa científica não tem o mesmo grau de importância. Na área de saúde, é muito comum o afastamento, e até mesmo o preconceito, dos gestores em relação ao ensino e à pesquisa científica. Ao analisar as origens desse fato, entendo ser, pelo menos em parte, decorrente da crescente e necessária profissionalização da Gestão dos Serviços de Saúde, que, até poucos anos, era amadora e familiar em sua grande maioria. Os próprios profissionais técnicos-assistenciais – médicos e demais membros da equipe de saúde – geriam os seus negócios. Enquanto que, nos últimos anos, este espaço passou a ser ocupado, principalmente, por administradores profissionais, sem formação técnica na área de saúde. Por outro lado, o pouco interesse dos profissionais médicos assistenciais e/ou cientistas por posições de liderança administrativa proporciona a combinação perfeita para que ciência e administração pareçam antagônicos. Tal situação proporciona, simplesmente, um desperdício enorme de recursos. Ao participar de uma banca julgadora de um trabalho científico apresentado para conclusão de curso (TCC) de Residência Médica, consegui ter a nítida clareza do quão distante ainda estamos da ciência contribuindo diretamente na tomada de decisões dos administradores dos serviços de saúde. Esclarecendo, para quem não é profissional da área de saúde: a Residência Médica é uma Pós-graduação “latu sensu” em que o indivíduo, já tendo concluído a graduação, presta um concurso para estudar e aperfeiçoar-se numa determinada área do conhecimento médico. Ao término desse período de formação suplementar, que tem duração de 2 a 5 anos, o médico possui a capacitação e o Título de especialista em uma determinada especialidade médica. Pois bem, a pesquisa à qual me referi dizia respeito a um tema bastante atual, com prevalência crescente e de extrema importância, uma vez que atinge indivíduos jovens e traz muitos efeitos individuais e coletivos. Não vou entrar em maiores detalhes, mas o estudo constatou que não havia benefício em realizar determinado protocolo de investigação diagnóstica, com diversos exames complementares que eram de alto custo e não acrescentavam informações relevantes na tomada de decisão e nem nos resultados do tratamento. Discutimos, como fazemos academicamente, todos os detalhes do método científico e a contribuição da pesquisa ao conhecimento e à prática clínica, bem como as próximas dúvidas a serem esclarecidas em futuras pesquisas da área. Mas não percebi a preocupação por parte dos cientistas em relação às implicações administrativas de tal constatação científica… realizamos exames de alto custo e sem benefícios. Evidentemente que alertei a todos os presentes naquele fórum para este fato. No intuito de despertar no pesquisador e na audiência essa visão crítica da nossa realidade. Por outro lado, os gestores daquela Instituição de saúde não tinham conhecimento suficiente sobre as pesquisas científicas realizadas naquele setor e do grau de importância das mesmas. Conhecendo os dois ângulos de visão, posso afirmar que isso certamente acontece e pode ser extrapolado para diversos outras áreas e temas! É evidente a necessidade de integrar “os dois lados” de quem faz parte do sistema de saúde, com interesse e respeito mútuos em prol de um bem maior. A Academia Médica precisa preocupar-se mais com os custos da prática clínica, bem como interessar-se em contribuir ativamente na administração dos serviços de saúde. Por outro lado, a Gestão da Saúde precisa respeitar, valorizar e incentivar mais os estudos científicos, bem como os profissionais que, de fato, estão na “linha de frente” da assistência. Assim, podemos unir e complementar forças para otimizar a administração e os gastos em Saúde que, apesar de serem cada vez mais altos, não repercutem em melhorias evidentes nas condições de saúde dos indivíduos e da população como um todo. #gestao #gestaoemsaude #ciencia #cienciaegestao #pesquisa #pesquisacientifica #posgraduacao #saude #medicina #wakenclinica #dragilmara OBS: Este artigo foi originalmente publicado em 11 de outubro de 2019 no LinkedIn. (https://www.linkedin.com/pulse/ci%C3%AAncia-%C3%A9-viva-e-contribui-para-gest%C3%A3o-em-sa%C3%BAde-s-aguiar-yamaguchi/)